quinta-feira, 18 de março de 2010

Entrevista concedida ao JF HOJE, sobre o dia Mundial da Água


No Dia Mundial da Água, Juiz de Fora e região têm o que comemorar?
Sim, temos muito a comemorar, pois desde 2006 nosso Comitê de Bacias Hidrográficas foi implantado, hoje no Estado de Minas Gerais, as 36 Unidades de Planejamento em Gestão de Recursos Hídricos estão efetivamente em funcionamento. O Comitê de Bacias, é o ‘’Parlamento das Águas’’, modelo adotado pela França em 1964 e implementado no Brasil em 1997, através da Política Nacional de Recursos Hídricos a Lei nº 9.433/97, em especifico na nossa região, assim como no modelo adotado pela gestão das águas, ele é descentralizado e participativo, onde compõem a Plenária do Comitê de Bacias representantes dos poderes públicos estadual e municipais, usuários e sociedade civil.


Quais são os principais problemas hoje no que se refere à gestão de águas em nossa região?


Poderia elencar vários, mas vamos nos ater por dois de grande importância. O desmatamento e a falta de cobertura vegetal, no que prejudica direta e indiretamente a qualidade e quantidade das nossas águas, não que passamos por problemas de esscassez, o fator principal pela falta de cobertura vegetal nas nossas áreas de recarga compromete gradativamente o aumento das mesmas, se não nos atermos para esse grande problema atual, poderemos num futuro bem próximo passar por algumas dificuldades. Mas o Instituto Estadual de Florestas, através da Superintendência Regional da Zona da Mata e o Núcleo Operacional de Juiz de Fora, trabalha junto com o Comitê em ações relevantes para a minimização desses possíveis problemas.
Outro grande problema que podemos destacar é a falta de Saneamento Ambiental nos nossos municípios (que são 30), esse problema é histórico, mas com esforços conjuntos estamos trabalhando para a reversão desse quadro preocupante. O Sistema Estadual de Meio Ambiente – SISEMA, através do Projeto Minas Trata Esgoto, vem alcançando grandes resultados, onde foram estabelecidas metas para a implantação das Estações de Tratamento de Esgoto nos 853 municípios do Estado de Minas Gerais até o ano de 2017. Não podemos deixar de destacar o brilhante trabalho desenvolvido pela COPASA, nos municípios que ela é responsável, hoje a maioria deles já está com os projetos das redes coletoras e das Estações de Tratamento de Esgoto em andamento.
Não poderíamos deixar também deixar de citar o grande empenho da AMPAR – Associação dos Municípios do Vale do Paraibuna, que empenhada trabalha na captação de recursos para que os municípios elaborem seus Planos Municipais de Saneamento e também com a viabilização de algumas obras.
Outra concessionária que merece destaque pelo seu grande trabalho é a CESAMA, imaginem vocês trabalhar num município do tamanho de Juiz de Fora, e há alguns anos vem se destacando no comprometimento com a despoluição do Rio Paraibuna, lógico que os resultados não serão da noite para o dia, esse trabalho vem sendo desenvolvido há muito tempo, e esperamos que num futuro breve, Juiz de Fora, tenha seu esgoto 100% tratado.


O que pode ser feito para reverter uma possível situação adversa com relação a este assunto?

Não vejo adversidade, vejo e compactuo com o comprometimento de todos atores envolvidos, conforme foram exemplificados.
Só acho, opinião minha pessoal, que deveríamos elaborar um Plano de Metas em conjunto com os 30 municípios, assim como foi feito na Bacia do Rio São Francisco, especificamente na Bacia do Rio das Velhas, o Projeto chama-se Meta 2010, e os resultados são espetaculares. Pois com a implantação deste Plano de Metas, todos os gestores municipais estariam comprometidos com a despoluição de nossos rios (Paraibuna, Preto, Peixe, Cágado).E assim teríamos mais forças para a captação de recursos nas esferas Federal, Estadual e Instituições Privadas, que financiam projetos com esse cunho.

É claro que muito cabe aos governos neste aspecto, mas quais são também as responsabilidades da população quanto à preservação e conservação dos recursos hídricos?

A responsabilidade não é somente dos governos, que estão preocupados com a gestão das águas, especificamente posso citar a nossa gestão no Estado de Minas Gerais. Temos sorte, de termos como Secretário de Meio Ambiente o propulsor da implantação da Política Nacional de Recursos Hídricos, ainda quando era Ministro de Meio Ambiente, o Dr. José Carlos Carvalho, e assessorado de uma grande equipe, com que faz a busca dos resultados e as ações sendo implementadas, não poderíamos deixar também de destacar o compromentimento do Governo do Estado, que quando concebeu o Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado – PMDI, preocupou-se em implementar vários Projetos Estruturadores, para que os resultados fossem alcançados.
Agora a população com certeza é uma grande parceira para que possamos preservar e conservar nossas águas, há dois anos trabalho diretamente envolvido com os produtores rurais de nossa Unidade de Planejamento, e a cada dia aprendo coisas que na faculdade não aprendi, isso enriquece muito a minha vida, e faz com que a cada dia eu fique mais comprometido em sair em defesa deles, pois são os menos favorecidos e os mais importantes em todo o sistema de gestão em recursos hídricos, imaginem vocês,se todos os produtores rurais não se preocupassem com a preservação e conservação das nascentes que estão em suas propriedades, será que teríamos água??
Já nos centros urbanos, o que nos entristece é a falta de educação da população, que joga seu lixo nas ruas, bueiras, rios, encostas, daí com certeza a Mãe Natureza, nos dá a resposta pelos maus tratos.


Qual o principal entrave para que se tenha uma gestão adequado dos recursos hídricos na região?

Não temos entrave, pois o cenário que trabalhamos é o das possibilidades, a capacitação de nossos Conselheiros, o trabalho com as industrias, os sindicatos rurais, as associações de produtores rurais, e em breve com as escolas. Poderia citar a falta de divulgação dos nossos trabalhos, no inicio do mês tivemos o lançamento de uma campanha sobre o uso da água e contactamos todos os meios de imprensa local, e infelizmente a mídia de Juiz de Fora não deu nenhuma importância, nas outras cidades até entrevista coletiva tivemos com a imprensa local.
Precisamos de estreitar os laços com a imprensa de Juiz de Fora, que tem um alcance maior, do que as locais, que já nos ajudam e bastante.


Quais as perspectivas de futuro tendo em vista a situação atual?

Estamos trabalhando para que possamos deixar nossa região numa posição de ações concretas, o cenário que hoje temos, nos aponta que em breve teremos todos os esgotos tratados, os produtores rurais sendo mais assistidos, uma gestão harmoniosa, onde a população possa participar mais, e contribuir para que sejamos referência na gestão das águas.


Embora não seja exatamente de sua área, o que você pode dizer a respeito da condução do projeto de Revitalização Ambiental e Recuperação do Eixo do Rio Paraibuna?

O que se vendeu para a população foi que se revitalizando às margens do Rio Paraibuna, resolveria o problema, mas não, como disse anteriormente a CESAMA, vem trabalhando e muito para que possamos chegar no objetivo que é a despoluição do Rio Paraibuna, muito ainda tem que se fazer e está sendo feito, não de recupera um rio, instalando somente quiosques e fazendo pistas de caminhada, o trabalho é bem mais complicado, pois necessita de instalações de redes coletoras em todas as ruas, instalação de interceptores, as Estações de Tratamento com a capacidade de receber toda a coleta de esgoto, e ainda um problema mais grave a separação das redes coletoras das redes de drenagem pluvial, que na maioria dos bairros e ruas estão interligadas. Tenho a dizer que o trabalho está sendo feito, pelo o conhecimento que tenho, mas das ações que descrevi, e torcemos para que seja feito e que possamos ao final de todos esses trabalhos que descrevi, possamos caminhar às margens do nosso Rio Paraibuna.


Repórter: Roberto de Castro

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